O primeiro mês do ano é marcado pela campanha nacional do Janeiro Branco, que tem o objetivo de conscientizar sobre a importância dos cuidados com a saúde mental e emocional. Em São Cristóvão, os pontos de atenção à saúde têm uma programação com ações em prol do tema, mas a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) promove atividades e atendimentos contínuos para a população, por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS), Centros de Especialidades e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
A Cidade Mãe oferece uma rede de atenção dividida em diferentes níveis. A atenção primária à saúde, que abrange os atendimentos das UBS; a atenção secundária, com os Centros de Especialidades e os CAPS; e a atenção terciária, representada pela unidade de Urgência 24 horas. Todos os pontos da rede trabalham conectados para atender adequadamente a população.
Desde as Unidades Básicas de Saúde, que são as portas de entrada para os serviços de cuidado psicológico, as temáticas de saúde mental e as consultas são abordadas com foco na promoção, acolhimento e educação em saúde. Além disso, são realizadas atividades coletivas voltadas às temáticas de saúde mental, vigilância em saúde mental e cuidado compartilhado com os outros pontos da rede.
Atualmente, os serviços especializados em saúde mental atendem cerca de 800 usuários de forma assídua. De acordo com a coordenadora de Atenção Psicossocial da SMS, Stefanie Vieira, é fundamental que o acolhimento inicial seja realizado pelas equipes de atenção primária. Para ela, o fortalecimento das relações interpessoais, aliado à criação de ambientes saudáveis, tanto nos espaços de saúde quanto no âmbito familiar, é essencial para uma abordagem mais efetiva.
“O município tem buscado apoiar cada vez mais as políticas públicas de saúde mental, com investimentos para ampliação de serviços e contratação de profissionais, visando à melhoria da qualidade da oferta e do cuidado. Durante o mês de janeiro e ao longo de todo o ano, estamos desenvolvendo ações coletivas, como formações de grupos de saúde mental nas UBS, que incentivam o cuidado preventivo. Essas atividades abordam temas como alimentação equilibrada, higiene do sono, meditação e outras práticas integrativas que fomentam discussões sobre o Janeiro Branco”, afirmou a coordenadora.
Hoje, São Cristóvão enfrenta uma alta demanda pelos serviços de psicologia e psiquiatria. Por isso, práticas simples podem iniciar os cuidados em saúde mental, como a realização de atividades físicas e o desenvolvimento de habilidades que estimulem a criatividade, como artesanato.
Um equipamento que se destaca na prevenção de condições como ansiedade e depressão são as Academias da Saúde, que, por meio de práticas corporais e atividades esportivas, incentivam a saúde e oferecem cuidados voltados à saúde mental. Muitos usuários frequentes dessas academias relatam melhorias na qualidade de vida, como a usuária Gilvanda Maria dos Santos, que enfatizou como as aulas de educação física ofertadas pelo município foram primordiais para a sua melhora.
“A atividade faz a gente mexer o corpo. Eu estava muito triste, eu não tinha vontade de sair de casa, a minha vontade era só de deitar por conta das dores causadas pela fibromialgia. Hoje estou bem mais aliviada por conta das aulas na Academia na Saúde. Eu tomo medicamento, mas é só um paliativo”, compartilhou a usuária, reforçando o quanto os exercícios aliviaram suas dores, o que possibilitou avanços na sua socialização.
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)
Diariamente, os CAPS de São Cristóvão trabalham com oficinas coletivas, rompendo com o modelo de hospital psiquiátrico que priorizava apenas o cuidado individualizado e diagnóstico. No município, há dois desses centros, o CAPS Valter Correia, que atende ao Centro Histórico e adjacências, e o CAPS João Bebe Água, que abarca a população do grande Rosa Elze.
As duas unidades funcionam de portas abertas, o que significa que atendem pacientes leves e severos, encaminhados por profissionais ou por demanda espontânea. Os pacientes podem procurar o serviço por iniciativa própria ou ser encaminhado por UBS, hospitais gerais e psiquiátricos.
Nos Centros de Atenção Psicossocial, o atendimento inclui uma série de atividades terapêuticas, como práticas corporais, com a educadora física, grupos de mulheres, apoio à geração de renda, grupos de canto e musicalização, e aulas de artesanato, em que os pacientes criam acessórios, adornos e brindes, usando desde crochê a materiais reciclados.
Mediadora do grupo Educação e Saúde do CAPS Valter Correia, a assistente social Fabiana Souza explicou que a equipe trata de diversos aspectos relacionados à saúde dos usuários, como a garantia dos direitos dos usuários, oferecendo esclarecimentos e orientações sobre quem tem direito a determinados serviços, como acessá-los, além de encaminhamentos necessários.
“Os grupos terapêuticos ofertados aqui pelo CAPS têm uma importância imensa, pois ajudam os usuários a entenderem o significado de socializar novamente, de estarem em um ambiente onde não há julgamentos, onde são acolhidos tanto pelos demais usuários quanto pelos profissionais. Esses grupos existem exatamente para isso: para criar vínculos com novas pessoas e mostrar que eles não estão sozinhos nesse processo de cuidado e tratamento”, ressaltou a profissional.
Esses grupos ainda ajudam a desmistificar preconceitos e ideias equivocadas que os usuários trazem consigo, muitas vezes acompanhadas de incertezas sobre como será o tratamento ou sobre a sua própria situação. A participação dos usuários é essencial para dar continuidade ao tratamento e favorecer a melhora, pois, ao longo do tempo, com as atividades terapêuticas oferecidas, eles conseguem evoluir de forma significativa no seu cuidado.
Para o usuário Carlos Jorge, que é atendido há três meses pelo centro, apesar de sentir que faz pouco tempo, o acolhimento de toda a equipe foi muito positivo. Seu principal foco para o sucesso da reabilitação é a geração de renda, e o CAPS tem realizado trabalhos que incentivam o empreendedorismo local.
“Graças a Deus, tudo está indo bem e vai continuar assim. Estou fazendo artesanato, vendendo bala e pipoca, tudo para gerar renda. Também trabalho com sucata, e aqui estou buscando criar mais oportunidades e incentivar os outros irmãos a participarem das atividades do bem, todos os dias”, destacou.
Ações alusivas ao Janeiro Branco
A promoção de atividades do Janeiro Branco foi inspirada em movimentos como Outubro Rosa e Novembro Azul, aproveitando o simbolismo do início do ano como um momento de reflexão e recomeço, incentivando as pessoas a reescreverem suas histórias e priorizarem o bem-estar psicológico. Nas UBS e CAPS de São Cristóvão, palestras, atendimentos e atividades recreativas foram planejadas durante todo o mês de janeiro para conscientizar a importância do cuidado com a saúde mental entre a população.
O CAPS Valter Correia, por exemplo, está realizando uma série de dinâmicas especiais entre os dias 13 e 17 de janeiro, incluindo rodas de conversa, passeios, dinâmicas e Práticas Integrativas e Complementares em Saúde. Segundo a gerente do local, Edjane Mendes, todos os anos a equipe adere a campanha do Janeiro Branco, incentivando a comunidade a dialogar e refletir sobre seu estado emocional.
“É um momento de pausa, como os outros meses comemorativos, mas que deixa janeiro como um espaço para esse contato interior. A saúde mental é o foco, para que os pacientes possam melhorar seu estado emocional, porque sem saúde mental, não há saúde. A proposta deste ano de 2025 é cuidar da saúde mental todos os dias, indo além do Janeiro Branco. Queremos que essa conscientização se estenda ao longo do ano”, explicou a gerente.
Na UBS Jairo Teixeira de Jesus, também foi realizada uma roda de conversa no dia 14 de janeiro, com médicos, profissional de educação física, assistência social, enfermagem e psicologia. A psicóloga Laiz Layna, que foi uma das palestrantes, realçou que, assim como os outros meses coloridos, o Janeiro Branco se destaca pela importância de conversar sobre saúde mental, emoções e sentimentos, que guiam a vida e estão diretamente relacionados à saúde física.
“Durante a palestra nós conversamos sobre a importância de fazer atividades que os usuários gostam, sobre autoconhecimento e autodescoberta e não deixar de sonhar. O público era de pessoas mais velhas, por isso fiz questão de enfatizar que, independente da idade, os sonhos devem ser sonhados e vividos”, apontou a psicóloga.
Ao longo do mês, as unidades de saúde de São Cristóvão continuarão a ofertar ações em apoio à campanha. Por isso, é fundamental que a população participe das atividades organizadas pelas equipes de saúde em suas UBS de referência. Prestigiar esses eventos, ouvir e compartilhar suas experiências, e adotar práticas de prevenção são atitudes essenciais para fortalecer a saúde mental e emocional de toda a comunidade.