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Atração do Fasc, Marina Lima fala sobre carreira e a turnê ROTA 69

Publicada em 30/11/24 às 08:20h - 6 visualizações

por São Cristóvão


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 (Foto: São Cristóvão)

No Brasil, pouquíssimos artistas chegam aos 45 anos de carreira, movendo-se em busca do novo, segurando a onda de atravessar políticas extremistas e sociedades instáveis, comprovando que a música e estar na estrada são as coisas que movem o coração. Para Marina Lima parece que celebrar 45 anos de sucessos tinha que resultar num projeto de revisitação, mas sem saudosismos, de todo o seu repertório numa série de shows especiais. A turnê ROTA 69 segue firme por estados e grandes festivais mostrando porque ela continua um ícone pop. No palco, além das próprias canções, Marina Lima brinda o público com uma super versão de Lunch da cantora Billie Eilish e I’m on Fire do Barry White, entre outras surpresas. Certamente, o show ROTA 69 está entre as maiores turnês da atualidade: é chique, é Rock, é cool e, ao mesmo tempo, popular. Nada mais Marina Lima do que essa mistura!

Após quase 40 anos sem pisar em Sergipe, Marina aporta neste sábado, 30, para o público do Festival de Artes de São Cristóvão (FASC), a partir das 22h, no Palco João Bebe-Água. O jornalista Jaime Neto, colunista do Portal Infonet, entrevistou a cantora. Um bate-papo que foi sobre o ROTA 69, passando pelo Brasil e suas loucuras políticas e é claro, o amor.

Portal Infonet – Teremos o show da turnê ROTA 69 no FASC? Podemos dizer que esse show é um retrato de 45 anos de carreira. Como foi revisitar canções que marcaram época no Brasil? Quais foram os maiores desafios na escolha do repertório? O que pesou mais nesse processo?

Marina Lima: Olha, Jaime, eu realmente tenho apreço por tudo que fiz. Porque sou eu, carrego comigo. Agora, não paro muito para olhar para trás. Esse show até me deu essa oportunidade. Eu e o diretor do show, Candé Salles, fizemos o exercício de sintetizar 21 discos, 45 anos e uma vida que cada dia pulsa diferente. Eu acho que se a gente não chegou na mosca, chegou bem perto.

Infonet – A polarização social e política do Brasil te assusta ou te motiva a criar mais canções e ações? Como a turnê ROTA 69 reflete esse momento turbulento?

Marina Lima: A polarização social e política do Brasil e do mundo me assusta. Mas ligou o alerta para saber que é necessário se pronunciar sobre essas coisas, até na música. Algumas questões existem desde que o mundo é mundo, não é? A desigualdade social, a questão racial, a polarização política, as mulheres sem equidade na sociedade… É desde sempre. Essas questões sempre existiram, o que muda em cada século ou década é o desenrolar disso. Mas até agora… nada. Na minha obra o interesse aponta para questões eternas, as canções que você irá ouvir anos depois e que vão continuar interessando. Essa é uma busca eterna e interna. A escolha do repertório de ROTA 69 foi baseada nisso.

Portal Infonet –  Costumo dizer que seu repertório é muito voltado para um público adulto, já que os temas das suas músicas são profundos, embora algumas delas sejam bastante populares. Você sente que suas músicas têm impacto no cotidiano das pessoas? Em um mundo onde tudo é mais urgente, especialmente com o consumo de música e o uso das redes sociais, seus fãs – muitos deles muito jovens – frequentemente compartilham partes de suas vidas ao som das suas canções. Como você lida com os fãs de antes e os novos admiradores?

Marina Lima: Eu discordo de você. Não acho que meu trabalho seja voltado para um público adulto apenas. Muitas pessoas novas se interessam pelo que eu digo, pelo que o [Antonio] Cícero disse, pelo que gravo. Eu gosto do agora, entende? Por isso que meu trabalho atual é “jovem”. É feito para gente curiosa como eu. Na minha vida não escolho ninguém por idade… Os mais novos, os mais velhos, os de meia-idade… Não existe isso. O que me interessa, são as pessoas que gostam da vida, que tem curiosidade sobre a vida, que tem interesse em fazer a vida valer. Nesse sentido, qualquer um é bem-vindo.

Portal Infonet – O que te emocionava antes e o que te toca hoje em dia? As pessoas costumam te ver como uma cantora complexa e intimista. Desde os anos 80, te acompanho e vejo hoje uma Marina mais real, conectada com as dores do mundo, com o pé no chão e muito mais atuante nas redes sociais. A Marina de hoje está mais relaxada e mais combativa do que antes?

Marina Lima: O que me emociona são provavelmente as mesmas coisas de antes. Acontece que há um desenrolar de tudo. Por exemplo, agora temos mais pretos em evidência, agora as mulheres não aceitam mais ir para o final da fila. Ao mesmo tempo, alguns retrocessos, como a igreja querendo interferir no estado… São questões que estão há anos aí e ainda me emocionam… Ou seja, o mundo mudou e tudo é assunto.

Portal Infonet: Novas Famílias e, na sequência, o EP Motim são, para mim, duas preciosidades da música brasileira, especialmente como um grito contra o fascismo e as dificuldades do nosso cotidiano (principalmente nos últimos anos). Após isso, você seguiu com turnês celebrativas e outros projetos. Já está trabalhando em algo novo? O que podemos esperar? Para onde aponta o seu farol criativo?

Marina Lima: Primeiro agradeço pela sua percepção de Novas Famílias e Motim. Segundo, você acertou na mosca! Eu realmente comecei a compor e já estou com olho no futuro. Mas veja bem, a [turnê] ROTA 69 mal começou e eu quero que o Brasil conheça melhor essa rota.

Fonte Portal Infonet




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