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São Cristóvão lança Curso de Agentes Educadores Populares para mulheres marisqueiras do município junto a Fiocruz e Instituto Braços

Publicada em 12/11/24 às 09:00h - 6 visualizações

por São Cristóvão


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 (Foto: São Cristóvão)

Esta sexta-feira (08) foi marcada pelo lançamento do Programa de Formação de Educadores Populares de Saúde em São Cristóvão, voltado para a população de mulheres marisqueiras do município. A cerimônia de iniciação da formação aconteceu no Cine Theatro Imaculada Conceição e contou com a apresentação dos conteúdos, objetivos e formadores do programa. O curso ofertado pela prefeitura com incentivo federal, em parceria com o Instituto Braços, terá a duração de seis meses e abrangerá 100 trabalhadoras da comunidade. 

O projeto é liderado pela coordenadora de Igualdade Racial da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), Sandra Sena, e pela educadora popular em saúde, Rejane Santana, que serão multiplicadoras do programa federal, com o apoio de outros profissionais e secretarias, após aplicarem e serem aprovadas no edital da Fiocruz para a aplicação da capacitação. 

Mensalmente, as alunas marisqueiras - assentadas nas comunidades Emília Maria e Nova Conquista, além dos povoados e bairros Caipe Novo, Arame II, Lauro Rocha e Colônia Miranda - ainda receberão uma bolsa no valor de R$ 80,00 durante seis meses.

O Secretário-Adjunto de Assistência Social, André Dorea, destacou que este projeto é mais uma oportunidade para fomentar o conhecimento e o fortalecimento desse grupo de mulheres trabalhadoras, que diariamente lutam por melhores condições de vida.

“Essa iniciativa também reforça a luta contra a homofobia, xenofobia, violência de gênero e racismo, entre outras formas de discriminação. Só conseguimos avançar e desenvolver como sociedade quando adquirimos conhecimento e percebemos nosso valor e nossos direitos. É essencial que cada pessoa se veja como detentora de direitos para poder lutar por eles de forma efetiva”, defendeu.

André Dorea, Secretário-Adjunto de Assistência Social

Sandra Sena, multiplicadora do projeto, enfatizou que o Instituto Braços convidou a equipe para desenvolver o projeto e escolher uma comunidade beneficiada. A opção pelas marisqueiras de São Cristóvão foi justificada por ser uma comunidade predominantemente formada por mulheres negras, que carecem de políticas públicas voltadas para suas necessidades, especialmente no campo da saúde popular, conectada às suas raízes e ancestralidade.

“O objetivo principal do curso é promover uma nova consciência comunitária sobre autocuidado e saúde, capacitando as participantes a compreender melhor os processos de saúde do município. Queremos levar profissionais da saúde e a Secretária Municipal de Saúde até a comunidade, assim como representantes da assistência social, para realizarem cadastros e oferecerem suporte”, pontuou a coordenadora.

Sandra Sena, coordenadora de Igualdade Racial da Semas

Para viabilizar a proposta, a diretoria de Aquicultura da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Semdet), realizou um levantamento detalhado sobre o número de marisqueiras no município, suas áreas de atuação e as comunidades onde estão concentradas. Segundo Elaine de Jesus, diretora de Aquicultura, o processo levou três meses e culminou na aprovação do projeto que contemplou São Cristóvão. 

“As aulas serão realizadas nas comunidades e o calendário será divulgado em breve. Um dos diferenciais deste projeto é que as marisqueiras capacitadas irão repassar o conhecimento adquirido para outras pessoas, ampliando o impacto para além das participantes diretas e beneficiando toda a comunidade ribeirinha de São Cristóvão, detalhou a diretora.

Elaine de Jesus, iretoria de Aquicultura da Semdet

Educação Popular

A Educação Popular em Saúde (EPS) é uma abordagem teórica, metodológica, ética e política com o intuito de promover uma consciência sanitária e ampliar a participação popular. Essa abordagem se baseia em princípios essenciais como equidade, participação social, empoderamento e a integralidade e seus objetivos incluem aumentar a visibilidade da inserção social, histórica e política dos grupos sociais, ampliar as vozes e as demandas desses grupos, fortalecer a participação popular e aprofundar a perspectiva democratizadora das políticas públicas.

De acordo com Rejane Santana, enfermeira e educadora popular em saúde que será uma das formadoras do programa, o curso ofertado, portanto, levará conhecimentos de saúde às marisqueiras, abordando práticas integrativas e saberes populares. Incluirá ensinamentos sobre reflexologia, auriculoterapia, ventosaterapia e cuidados com a saúde íntima, uma questão para as marisqueiras que frequentemente sofrem com isso por conta do tempo prolongado no mangue, precisando de exames regulares e cuidados preventivos. 

“O objetivo é que essas mulheres aprendam a se conhecer melhor e a aplicar esses conhecimentos para cuidar da própria saúde e da de seus familiares. A importância do curso está também na valorização e no resgate dos conhecimentos ancestrais transmitidos por gerações, muitas vezes esquecidos com o tempo em favor de soluções farmacológicas. Embora o uso de medicamentos seja fundamental, a educação popular em saúde propõe um retorno às práticas tradicionais, como chás de noz-moscada e boldo, reflexologia, e escalda-pés, enriquecendo o cuidado integral”, realçou a formadora.

Rejane Santana, enfermeira e educadora popular em saúde

Para Cristiane Dias, marisqueira e coordenadora do Movimento das Marisqueiras de Sergipe, a formação  trará um impacto significativo não apenas para ela, como parte da comunidade pesqueira, mas para todo o movimento que representa, pois agregará conhecimento e desenvolvimento, destacando a importância e a força das mulheres na sociedade.

“O curso será uma ferramenta importante para o crescimento dessas mulheres, ajudando a dar visibilidade ao papel fundamental que desempenham. Sabemos o quanto é desafiador ser mulher e enfrentar os preconceitos, que são ainda maiores quando se trata de mulheres que trabalham na pesca e na mariscagem. Nossa intenção é mostrar que essas mulheres existem, que são resilientes e que têm um papel crucial como trabalhadoras, mães e donas de casa”, destacou a marisqueira.

Cristiane Dias, marisqueira e coordenadora do Movimento das Marisqueiras de Sergipe

Outra participante do curso será Edna Ribeiro, marisqueira moradora do povoado Rita Cassete que também coordena o movimento local. Ela acredita que o conhecimento compartilhado será essencial para cuidar de sua saúde e saber como agir em coletividade, tendo uma troca enriquecedora que impactará positivamente o dia a dia de sua comunidade.

“O nosso trabalho como marisqueiras é árduo e desafiador. Muitas pessoas têm uma visão equivocada, achando que é um trabalho fácil, mas, na verdade, é perigoso e requer muito esforço. Por isso, é um privilégio ver nosso trabalho sendo reconhecido e valorizado. O curso nos ajudará a mostrar essa valorização, a fortalecer nossa luta como mulheres e a promover nossa independência. É um lembrete de que somos fortes e capazes de ocupar qualquer espaço que desejarmos”, defendeu.

Edna Ribeiro, marisqueira

Foi pensando nesse fortalecimento e incentivo que o Instituto Braços firmou a parceria com São Cristóvão, que historicamente abriga muitas famílias que dependem do mangue para sobreviver, enfrentando desafios e dificuldades econômicas e sociais. Segundo Robson Anselmo, coordenador do Instituto, a entidade tem um compromisso com as mulheres em situação de vulnerabilidade, incluindo as marisqueiras, quilombolas e outras que diariamente lutam pela dignidade de suas famílias.

“Dar visibilidade a essas mulheres é essencial para promover a cidadania e aumentar a autoestima e o empoderamento. A iniciativa não se limita apenas ao aprendizado em saúde, mas busca criar um espaço de valorização e autoafirmação, mostrando que essas mulheres, apesar de serem marisqueiras, são sujeitos de direito e devem ter suas vozes ouvidas e seus espaços reconhecidos, refletiu o representante.

Robson Anselmo, coordenador do Instituto Braços

O programa

O Programa de Formação de Educadores Populares de Saúde é uma iniciativa do Governo Federal, realizada pelo Ministério da Saúde (MS) por meio da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), em parceria com movimentos sociais populares. Seu principal objetivo é fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) e promover a valorização de práticas tradicionais e populares de cuidado, além de incentivar a comunicação e a educação popular em saúde, para construir uma rede nacional de Agentes Educadores Populares de Saúde.

Instituída pela Portaria GM/MS n.º 1.133, em 16 de agosto de 2023, a implementação do programa envolve a colaboração entre movimentos sociais e organizações da sociedade civil, e ocorre por meio de cursos de qualificação oferecidos pelo Ministério da Saúde.

O público-alvo da iniciativa inclui Agentes Populares e Agentes Populares de Saúde que atuaram durante a pandemia de covid-19, conselheiros locais de saúde, e membros de movimentos sociais e da sociedade civil organizada. Esses participantes podem ter ou não experiência prévia em formação de cursos de Agentes Populares, desde que atuem ou residam nos territórios estaduais.

Representando a coordenação do nível estadual do programa, o assistente social Vladimir Sérgio assegurou que a difusão das práticas de educação em saúde são fundamentais para as comunidades, por incentivar as práticas populares e divulgar o SUS. “Neste primeiro módulo, vamos formar 400 educadores em Sergipe, sendo 100 em São Cristóvão, distribuídos em cinco turmas de 20 alunos cada. Nossa ideia é continuar com outros módulos para expandir o alcance das práticas integrativas de saúde e do SUS”, concluiu o coordenador.

Vladimir Sérgio, coordenador estadual do Programa de Formação de Educadores Populares de Saúde
Publicado porClara Dias
Fotos porDani Santos



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