Por Narcizo Machado e colaboração de Diego Rios
Emília foi vítima de intolerância reversa. Ao afirmar, a Domingueira explica! No dia de sua esmagadora e histórica vitória, a prefeita eleita Emília Corrêa (PL) postou um vídeo em que aparece maquiada de leoa e canta um louvor onde afirma, “meu Deus é um leão”. No texto, ela promete: “como uma leoa que na natureza desempenha um papel crucial na sobrevivência e no bem-estar de sua prole, vou estar à frente dos destinos de Aracaju, cuidando e protegendo, em especial daqueles que mais precisam”. Belas palavras! E E onde está a intolerância? Sigamos.
Rapidamente, a postagem viralizou e gerou repercussão na imprensa
nacional e em várias páginas de análise política. No geral, algumas
pessoas ridicularizaram Emília e criticaram. A opinião geral é de que a
futura prefeita deixa subentendido existir um risco de que a sua
profissão de fé, traga prejuízos à diversidade religiosa. O que pode
parecer um legítimo questionamento, resguarda também o perigo de uma
intolerância reversa.
A imensa maioria dos evangélicos que passam a ocupar espaços de poder na
política, usam dos cargos em que estão investidos para reverberar sua
doutrina e seus moralismos, por vezes exacerbados, eles acabam agindo
com intolerância religiosa, apresentando pautas de costumes e que
negligenciam a diversidade de gênero, cultura e religião. Isso é fato!
Da mesma forma, usar de comentários torpes, violentos e muitas vezes até misóginos, em virtude de uma mulher, eleita prefeita, comemorar sua vitória expressando sua fé, me parece sim efeito reverso, é uma espécie de ação pré-determinada do violentado agindo contra o agressor. Foi um fato pitoresco? Sim. Mas não podemos exigir do outro, que ele, no caso ela, aja conforme nossos conceitos, expectativas e fé. Venceu a democracia e a imensa maioria do povo aracajuano elegeu-a para nos dirigir pelos próximos quatro anos.
Feito registro do direito que a prefeita tem de expressar sua fé, vamos aos fatos mais urgentes. O tempo corre, faltam menos de 60 dias para a posse, e é preciso que Emília desça do palanque. Nas entrevistas até agora concedidas, ela não deixou muito claro como serão seus primeiros 100 dias de governo. O que se ouviu foi mais do mesmo, nada novo do dito durante a campanha.
Outro erro grave, que denota agir com radicalidade, foi não ter visitado institucionalmente o prefeito Edvaldo Nogueira e o governador Fábio Mitidieri, demonstrando maturidade política, virando a página da eleição e abrindo uma nova etapa na vida política de Aracaju, onde se espera uma convivência republicana.
Parece que Emília ainda está em festa, em êxtase. Os desafios de gerir Aracaju não permitem que a eleita siga mandando recados com frases provocativas, enaltecendo-se como a mulher que “furou a bolha do sistemão”. Já deu tempo para isso, basta!
Emília administrará uma cidade organizada social, administrativa e financeiramente. Uma cidade bilionária. O orçamento de 2025 pode chegar a quase R$ 5 bilhões, além disso, chegarão os recursos extras da concessão da Deso.
O discurso de ‘terra arrasada’, de ‘caos’, é só estratégia para justificar possíveis erros. Que se deixe Emília expressar a fé dela, da forma como ela quiser, desde que na gestão ela respeite todos os credos. O importante mesmo é a cobrança por resultados, resultados e resultados.
Foto Tribuna do Rio