O dia 28 de maio é marcado pela celebração do Dia Internacional da Luta pela Saúde da Mulher e Dia Nacional da Redução da Mortalidade Materna. Em alusão à data, a Unidade Básica de Saúde (UBS) Jairo Teixeira recebeu membros do núcleo de Direito da Faculdade Pio Décimo para promover uma ação educativa sobre direitos das gestantes com pacientes do município. O evento contou com palestras informativas, distribuição de materiais didáticos e entrega de fraldas para as gestantes.

A ação fez parte do projeto extensionista dos estudantes de Direito da Faculdade Pio Décimo, acompanhados pela professora Acácia Lelis, com o objetivo de levar conhecimento sobre os direitos garantidos às gestantes, em especial às gestantes adolescentes, que possuem demandas e vulnerabilidades específicas pela idade. 

A estudante de Direito Millena Jhuly explica que a equipe diagnosticou uma deficiência de projetos e atividades voltadas para a gestação precoce em geral, que é um fator comum, mas impactará o futuro dessas jovens, nos estudos, na busca por um emprego ideal, e até na sua saúde física e mental.

“Sabemos o quanto é difícil uma gravidez quando já se tem tudo estável, estudos, trabalho, uma profissão. Imagine uma adolescente de 14, 15, 16 anos, que não terminou o Ensino Médio. Normalmente as adolescentes engravidam do primeiro relacionamento, e após a gestação não dá continuidade a esse relacionamento. Então, temos uma preocupação sobre o futuro dessas gestantes e adolescentes. Nossa preocupação é mostrar que elas podem se erguer, construir um futuro, concluir o Ensino Médio, fazer uma graduação, estudar e trabalhar”, destaca Millena.

Millena Jhuly, estudante de Direito

Para isso, foi elaborado um café da manhã especial, com palestras ministradas por profissionais da assistência social, enfermagem e Direito. Entre os assuntos abordados, foram discutidos os direitos das gestantes durante o pré-natal, parto e pós-parto, o acompanhamento social e da saúde, direitos trabalhistas e direito à pensão alimentícia durante a gravidez.

A gerente da UBS Jairo Teixeira, Jane Correia, ressaltou a importância de fazer parcerias como essa para trazer informações para além de um único setor, com uma abordagem multiprofissional. “A importância do cuidado na gestação, inclusive na adolescência, faz com que todo o processo de acompanhamento seja muito prazeroso para nós. Acompanhar todas elas, não somente durante a gestação, como também no puerpério. Passando informações sobre cuidados gerais e específicos”, pontua a gerente.

Jane Correia, gerente da UBS Jairo Teixeira

Entre as gestantes que participaram da ação, Lucimar Oliveira ressaltou como foi essencial para ela conhecer alguns direitos dos quais não tinha conhecimento: “Tenho direito a licença maternidade, à assistência do CRAS, a pensão durante a gravidez, entre outros. O que eu presenciei foi muito bom!”.

Lucimar Oliveira, gestante atendida pela UBS Jairo Teixeira

Abordando a importância da data para a saúde da mulher, Maria Helena Andrade, coordenadora da Saúde da Mulher no município, enfatiza que a mortalidade materna é um grave problema de saúde pública e explica que o termo se  refere ao óbito de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o parto, por causas decorrentes de complicações do período gravídico-puerperal. Reduzir a ocorrência desses óbitos, portanto, é uma prioridade para a Cidade Mãe.

“São Cristóvão entende a importância de trabalhar a prevenção desses óbitos, visto que são, em grande maioria, evitáveis. Pensando nisso, são realizadas, todos os anos, atividades para os profissionais, com o intuito de finalizarmos o ano sem nenhum caso. Com esse intuito, o Comitê de Prevenção a Mortalidade Materna, infantil e Fetal (COMPROMIF), foi instituído em 2024, compreendendo a importância de atividades de promoção à saúde e prevenção de causas evitáveis do óbito, seja ele materno, infantil ou fetal”, pontua a coordenadora.

Maria Helena Andrade, coordenadora da Saúde da Mulher em São Cristóvão

Mães da Cidade Mãe

Para fortalecer ainda mais a atenção à saúde materno-infantil, a Secretaria Municipal de Saúde de São Cristóvão implementou o programa “Mães da Cidade Mãe”, que visa estruturar, qualificar e reorganizar o processo de trabalho das equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) para atenção integral à saúde da mãe e da criança. 

O desenvolvimento do projeto visa, ainda, o crescimento dos serviços ofertados pela Atenção Primária voltada à saúde sexual e reprodutiva, bem como o aumento das consultas realizadas com gestantes, reforço ao acompanhamento a crianças e puérperas na primeira semana pós-parto e outras ações e a redução da mortalidade materno, infantil e fetal.

Os cuidados promovidos incluem a busca ativa das gestantes na comunidade, o acolhimento dessas mulheres nas UBS, consultas periódicas, exames com coleta de sorologia, ultrassonografia no primeiro e último trimestre, criação de grupos de gestantes, suplementação de sulfato ferroso e ácido fólico, qualificação na referência para mulheres classificadas com gestação de alto risco, visitas às maternidades e pré-natal odontológico. No momento do nascimento da criança, é garantido à mulher o parto normal ou cesáreo.

As unidades ainda continuam o acompanhamento no puerpério, cuidando também da saúde da criança. São oferecidas consultas pela Equipe de Saúde da Família na primeira semana pós-parto e de vida do bebê, teste do pezinho, consultas de acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil até os dois anos de idade, consultas periódicas para necessidades de acompanhamentos especializados de crianças, planejamento reprodutivo às puérperas, além de assistência odontológica integral.

Todos esses serviços são guiados pelos direitos garantidos às gestantes, assim como os preceitos do Ministério da Saúde (MS). Em combate à mortalidade materna, o MS indica 10 passos para evitar esse infortúnio, seguidos pela saúde de São Cristóvão:

1- Garantir encontros de qualidade, centrados nas necessidades de cada mulher, durante todos os contatos com os serviços de saúde.

2- Instituir ações de profilaxia e identificação das síndromes hipertensivas durante o pré-natal.

3- Realizar triagem oportuna de infecções do trato geniturinário.

4- Identificar precocemente sinais de gravidade clínica materna e garanta tratamento oportuno.

5- Oferecer treinamento das equipes de assistência regularmente, para o pronto reconhecimento e condução dos casos de urgências e emergências obstétricas.

6- Garantir o reconhecimento precoce e tratamento oportuno e adequado dos quadros de síndromes hipertensivas graves na gestação.

7- Garantir o reconhecimento precoce e tratamento oportuno e adequado dos quadros infecciosos na gestação.

8- Garanta o reconhecimento precoce e tratamento oportuno e adequado das síndromes hemorrágicas na gestação e puerpério.

9- Reduzir as taxas de cesariana desnecessárias.

10- Garantir vigilância e assistência permanente no puerpério.

Fotos: Clara Dias